Assertividade: falar com segurança em qualquer lugar.
A sociedade nos condiciona a sentir vergonha, medo e culpas. Conceitos de autonegação, repressão e autoridade vindos de fora tiram a nossa iniciativa. Em casa, na escola, igreja, trabalho e ambientes sociais passam a idéia de que temos de negar nossos sentimentos, calar a boca, não expressar necessidades e direitos, não fazer perguntas para não parecermos “inoportunos”, “ridículos”. Todos tivemos experiências frustrantes neste sentido. Quem já não teve medo de fazer perguntas em sala de aula por medo de ser repreendido ou ridicularizado? Exemplos de censuras e repreensões familiares que leva a criança a se inibir:
“Cale a boca! Não fale com seu pai deste modo!”
“Você não presta para nada mesmo!”
“Guarde para você seus sentimentos!”
Na escola, no trabalho, nas instituições políticas, quem questiona o sistema, exige seus direitos, é censurado e visto como indivíduo inconveniente.
Em síntese: a sociedade nos ensina a inibir a expressão dos direitos. Você pode falar até um ponto, ultrapassando-o é visto como pessoa inconveniente.
Diante disso desenvolvemos um autoconceito, auto – estima e auto-imagem ruins a nosso próprio respeito. Resultado: passamos a vida sofrendo frustrações de toda espécie. Engolimos desaforos, vivemos em ambientes hostis, barulhentos, poluídos, escutamos barbaridades, nos sentimos explorados, dominados, usados, somos pessimamente atendidos por vendedores e funcionários de empresas. O que fazemos? Abaixamos a cabeça, questionamos pouco, às vezes nada.
Veja duas situações nas quais muitas pessoas não sabem dar a resposta certa:
Alguém passa em nossa frente numa fila.
O vizinho fica escutando música até tarde da noite.
Também fomos educados com conceitos que nos inibem:
“Homens são melhores que mulheres.”
“Professores são melhores que alunos.”
“Brancos são melhores que negros.”
“Ricos são melhores que pobres.”
É claro que vivendo uma vida cheia de inibições você desenvolverá atitudes de fuga, omissão, medo e conformismo.
ASSERTIVIDADE
É preciso mudar estas coisas. Isto se faz se auto-expremindo de modo adequado. O comportamento que faz a pessoa expressar sentimentos sinceros, de modo franco e educado, sem preconceitos, sem ansiedade indevida, sem constrangimento, reivindicando seus direitos fundamentais sem negar os alheios, dentro da ordem e da Lei é chamado de comportamento assertivo.
Assertividade é falar a coisa certa, na dose certa, de modo certo, para a pessoa certa, no momento certo, no tempo certo e no local certo.
Ser assertivo é dar respostas apropriadas nas diferentes situações da vida. Ser assertivo é ser diplomático, saber negociar, enxergar os seus direitos e os dos outros. Quando a pessoa é assertiva ela rende mais no trabalho, nas relações interpessoais, faz mais amigos, valoriza-se mais como pessoa, escolhe por si e sente-se bem por isto; tem poucos sentimentos de culpa, inseguranças, vergonha, valoriza os outros; é mais respeitada por isto, vive mais e é mais feliz. A pessoa assertiva é amigável, serena e equilibrada.
Não confunda ser assertivo com ser agressivo.
AGRESSIVIDADE
A pessoa agressiva ao responder, se expressar ou reivindicar, prejudica os direitos dos outros; ela deprecia, valoriza-se às custas dos demais, fala causando impressões negativas fortes, se exalta muitas vezes e fere. Resultado: deixa os outros na defensiva e não atinge plenamente os objetivos desejados; se os atinge, faz inimigos. Aparentemente tem muita autoconfiança, mas sua agressividade esconde uma pessoa muito insegura e complexada. É bastante sensível à crítica. Vive em atrito com os outros. Sente-se constantemente ameaçada. Outras características do indivíduo agressivo: ansiedade, irritabilidade, faz poucos amigos; é dominador, valentão, machão, rude, tem atitude de “sabe-tudo”, “professor de Deus” e acha que os outros são “burros”; às vezes tem razão nos seus argumentos, mas não sabe expressá-los devidamente; odeia perder, fracassar. Tem dores de cabeça freqüentes, problemas gástricos, fadiga e estresse.
NÃO ASSERTIVIDADE
A pessoa não assertiva inibe-se quando precisa falar, ao falar sente-se culpada, nega a si própria, permite que os outros a rebaixem, tirem vantagem dela, escolham por ela, tem pouca personalidade. Tem medo dos outros, sente culpa quando não empresta algo a alguém. Resultado: vive frustrada, ansiosa, sente-se ferida, magoa-se facilmente devido sua autodesvalorização. É visto como pessoa tímida, acanhada. Sofre calada.
Verifique o exemplo e as três formas de comportamento:
Paulo está num restaurante. Pede um bife bem passado e recebe um mal passado.
Seu comportamento é:
Não-assertivo
Ele resmunga, promete para si próprio que não volta mais no local. Não fala nada para o garçom. Vai para casa frustrado.
Agressivo
Paulo ridiculariza, humilha, é grosseiro com o garçom. Recebe o bife do jeito que quer. Sente-se o maioral. Deixa o garçom muito zangado e embaraça a todos ao seu redor.
Assertivo
Paulo lembra ao garçom que pediu um bife bem passado. Solicita polidamente a troca do bife. Recebe um novo. O garçom pede desculpas. Paulo fica satisfeito consigo mesmo.
Algumas pessoas desenvolvem comportamentos assertivos, não – assertivos ou agressivos, dependendo da situação e conveniência. Em casa é agressivo, com o chefe é assertivo ou não assertivo. Outras encobrem sentimentos. Indivíduos ressentidos podem desenvolver comportamentos agressivos sutis, como privar a outra pessoa de coisas importantes. Ex.: ser “amável” com o marido, mas pegar o carro na hora que ele mais precisa. Muitas pessoas que não sabem verdadeiramente serem assertivas. Assertividade é um estado de espírito permanente.