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Amor & Passado

Por que tanto medo de amar?

No passado é possível encontrar a chave do futuro dos nossos amores

André tem 55 anos, executivo, formado em Economia, com pós em Finanças, divorciado, um casal de filhos já independentes. Há quatro anos se relaciona  com Laura, independente, empresária, 52 anos, formada em Administração de Empresas, divorciada.

O relacionamento do casal desde o início sempre foi atribulado porque André é uma pessoa excessivamente possessiva e ciumenta. Sempre criticando as atitudes, a forma de se vestir, as amizades e o jeito expansivo da mulher amada.

Laura sugeriu a ele que buscasse uma ajuda terapêutica, no entanto, ele descartou esta possibilidade. Então, não se deu por satisfeita e foi ela mesma conversar com um psicólogo para tentar compreende-lo melhor. Decidiu fazer algo para melhorar a relação, uma vez que, não queria terminar o relacionamento. André é um homem generoso, educado, fiel, companheiro, íntegro e apaixonado. Mas, com o lado negativo, nem sempre, a convivência era fácil. Um dia entrava na caverna. No outro tinha cenas de ciúmes. Ora tinha alterações de humor ou então medo de ser rejeitado ou trocado por outro.

Conversando com Dr. Jaime sobre o casamento do amado e sobre a sua infância, em duas sessões concluíram que as experiências vividas por André na infância estavam influenciando no relacionamento do casal.

Os pais dele estavam sempre ausentes. Aos seis anos de idade viu o pai arrumando as malas e indo embora para viver com outra mulher. A mãe para sustenta-lo precisou deixa-lo morando com os tios. Com o novo casamento da mãe passou a vê-la pouco pois ela foi morar em Salvador com o novo marido. Ficou profundamente decepcionado e triste quando foi comunicado que o novo marido preferia mudar sem leva-lo.

Aos 20 anos conheceu sua ex-mulher Helena, com quem foi casado durante 18 anos.

Seu comportamento carente, ciumento e compulso levou Helena a se apaixonar por outro homem e pedir a separação. André entrou em desespero e levou muitos anos para se apaixonar novamente e a tentar um novo relacionamento com Laura.

Hoje carrega inconscientemente o sentimento de que foi abandonado. Isto faz com que a baixa auto-estima o leve a ser compulsivo por um amor ideal. Se foi abandonado, então, não tinha valor e deve agora ser especial, diferente, para chamar a atenção, atrair e merecer o amor perfeito. É a forma que encontra para compensar o sentimento de rejeição e baixa auto-estima. Então pensa: “sei que não mereço este amor e nem conseguirei mantê-lo”, o que o torna um sabotador das próprias relações.

Muitas vezes, quando se sente mal amado, acaba se tornando uma pessoa difícil de lidar, sempre querendo se desforrar das pessoas, tornando-se vingativo quando se julga ignorado.

Nas duas sessões Laura conseguiu compreender porque André estava sempre testando os sentimentos dela. Descobriu, também, que quando brigavam dizia a ela coisas horríveis porque não se sentia valorizado ou amado tanto quanto esperava. E nestas horas deixava claro que era melhor cada um ir para o seu lado. O medo de ser abandonado imperava então era mais fácil rejeitar e terminar do que ouvir dela um “não dá mais”.

À partir dessas duas sessões com o psicólogo Laura passou a mudar seu comportamento em relação ao seu amado transmitindo-lhe mais segurança com relação aos seus sentimentos. Todas as vezes que percebia nele atitudes de auto-sabotagem ou estar fantasiando demais, passou a intervir com gestos de amor, de compreensão e de companheirismo. Mostrou a ele que não é preciso viver experiências intensas como forma de provar o seu valor e nem tampouco projetar a culpa nos outros.

O relacionamento do casal melhorou consideravelmente desde que ela foi buscar ajuda para que o seu amor vencesse seus medos, inclusive o medo do amor, de assumir um relacionamento profundo e de se entregar sem reservas.

Na nossa cultura em vez de apreciarmos a capacidade humana para uma ligação emocional, quase sempre sentimos vergonha e medo perante a perspectiva de expor as nossas emoções aos outros. Se precisamos de contato e intimidade emocional, por que é tão difícil alcançá-los e tão complicado mantê-los? Muita gente não sabe, ou não está consciente, de que tem medo de uma relação emocional. Inconscientemente as pessoas receiam que a intimidade nas relações adultas as leve a dependência do outro, a ponto de não conseguir recuperar uma noção de si próprias distinta do outro.

Assim, fica difícil namorar, se entregar, ser tolerante.

Toda relação implica em troca, em dar e receber, em assumir os desafios do crescimento sem medo de se comprometer com os desejos do outro e, principalmente, com os próprios desejos.

Cabe ao casal criar o seu próprio modelo de referência.

Marlene Heuser

 

www.goldenyears.com.br (Encontre seu amor aqui!)

www.gazetadopovo.com.br/blog/relacionamentos

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